27.11.07

Real advertising

Alguns posts atrás falamos do filme de Dove que circula na rede, o "Onslaught". Esta semana, a AdAge publica reportagem sobre as críticas que o filme vem recebendo por alertar os pais sobre os padrões estéticos que a mídia impõe. O problemas apontado não é com os valores da Dove e sim com a postura da Unilever, a fabricante do produto. Os comentários negativos em jornais, revistas e blogs questionam a empresa que ataca o culto à beleza para divulgar um produto, mas ao mesmo tempo exalta a sensualidade em outros, como no caso do Axe. Estrategicamente, nada errado. A empresa lida com produtos diferentes para públicos distintos. O conceito de Dove destina-se a um público que valoriza os princípios da sua campanha. O de Axe busca outro foco. Marketing apenas. As críticas são inclusive bem-vindas pois, como diz o pessoal da Unilever, elas permitem o diálogo. Quem sabe, não ajuda as empresas a reverem sua postura. A acusação de hipocrisia que alguns fazem não leva em conta que apensar de pertencer a um mesmo grupo, cada produto é administrado por equipes diferentes que em geral nem se conhecem. A diretoria de marketing de um é diferente da diretoria do outro. E cada um tem sua própria estratégia cujo principal objetivo é vender. E como diz um dos críticos, o papel da empresa não é vender valores e sim produtos. Esse comentário pode ser questionado, mas se é assim isso só dá legitimidade ao posicionamento da Unilever, apesar de não ter sido essa a intenção de quem criticou. Se a marca está colocando no ar uma campanha que detona alguns valores que ela própria dissemina, é corajoso. Quando ela faz isso está dando a cara pra bater (como está acontecendo), pois seu marketing viral no YouTube permite que pessoas adorem a marca e outras denunciem suas práticas num mesmo espaço. Isso ajuda a empresa a equilibrar inclusive seu discurso. É saudável. Coisas dos novos tempos. Fazer um mea culpa vez por outra é sempre bom. Mas não é de hoje que algumas marcas fazem ressalva quanto aos malefícios de suas mensagens e daquilo que produzem, numa atitude responsável e (não sejamos cínicos) também como forma de ganhar a simpatia de consumidores. É bom quando o policiamento vem de todos os lado. Inclusive, da própria empresa.

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